HORÁRIO EM PERDIGÃO

Médico sem registro no CRM trabalha de forma irregular em Perdigão - MG:


     Com quase nove mil habitantes, Perdigão, no Centro-Oeste de Minas, conta com apenas dois médicos plantonistas que revezam o atendimento na urgência e emergência do Pronto Atendimento da cidade. Pacientes que dependem do sistema público de saúde no município estão indignados e preocupados, não pelo número escasso de profissionais, mas porque descobriram, no site do Conselho Regional de Medicina (CRM), que o registro de um desses clínicos está cancelado e ele continua atuando de forma irregular. Desde o dia 9 de março do ano passado, o Wilfredo Illanes Amurrio não pode mais exercer a profissão no Brasil. O médico é boliviano e se formou em seu país natal. Em 2009 ele procurou o CRM e conseguiu o registro provisório. Amurrio teria que fazer uma prova para validar seu diploma no Brasil e conseguir o registro permanente. No entanto, ele fez apenas 38% da pontuação. Além de atender, ele ainda prescreve medicamentos, que são vendidos sem o menor problema nas farmácias da cidade, inclusive na Farmácia Popular. 
     A analista de crédito, C.L.T., de 38 anos, foi uma das primeiras pacientes que começou a desconfiar das atitudes do médico. Ela conta que ele tem o costume de “brincar excessivamente” com os pacientes e os diagnósticos não são confiáveis. “Quando meu marido sofreu um acidente e ficou machucado, ele não prescreveu nenhum medicamento para dor. Achei aquilo estranho e fui procurar informações dele na Internet. Foi assim que descobri que o registro dele estava cancelado”, lembra. Assustada, ela teme que o clínico acabe prejudicando algum paciente e espera que as autoridades tomem providencias quanto ao médico. “O diagnóstico preferido dele é dor de garganta. O filho de uma amiga minha, por exemplo, estava com os dentes nascendo e acabou tendo um pouco de febre. Ela levou o menino até o Pronto Atendimento e o diagnóstico foi dor de garganta. Ainda bem que esperamos mais um dia para consultar com um pediatra, antes de dar os remédios que ele havia prescrevido”, afirma. Amurrio nega as acusações e se mostrou surpreso quando foi avisado pela reportagem que o registro havia sido cancelado. Ele explica que ainda precisa fazer uma prova de português e, talvez, esse seja o problema encontrado pelo CRM. A secretária de saúde, Tatiany Kristine dos Santos, afirma que em janeiro deste ano, foi feita a renovação contratual com o médico e que, nessa época, o registro de Amurrio estava em dia. Ela informou que não estava ciente do cancelamento, que nem o médico ou o conselho entrou em contato para avisar da situação. 
      O boliviano, que atende na cidade nas quartas e quintas, poderá ser afastado do cargo. Ele também trabalha no Pronto Atendimento de Pedra do Indaiá, onde realiza plantão nos finais de semana. A secretaria de saúde de Pedra do Indaiá foi procurada e afirmou que não tinha conhecimentos dos fatos até ser procurada pela reportagem. Os responsáveis afirmam que as medidas administrativas estão sendo tomadas, incluindo esclarecimentos junto ao CRM. O Conselho Regional de Medicina foi procurado pela reportagem para esclarecer os fatos e informar se o médico e as secretarias haviam sido avisadas sobre o cancelamento no registro do medico boliviano. No entanto, ninguém no CRM se manifestou sobre o assunto.

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